terça-feira, 31 de agosto de 2010

MAX WEBER - AÇÃO SOCIAL



O pensamento do sociólogo que estudaremos a seguir vai em direção diferente ao que vimos até agora. Max Weber (1864-1920), ao contrário de Durkheim e Comte, acreditou na possibilidade da interpretação da sociedade partindo não dos fatos sociais já consolidados e suas características externas (leis, instituições, normas, regras, etc). Propôs começar pelo indivíduo que nela vive, ou melhor, pela verificação das “intenções”, “motivações”, “valores” e “expectativas” que orientam as ações do indivíduo na sociedade. Sua proposta é a de que os indivíduos podem conviver, relacionar-se e até mesmo constituir juntos algumas instituições (como a família, a igreja, a justiça), exatamente porque quando agem eles o fazem partilhando, comungando uma pauta bem parecida de valores, motivações e expectativas quanto aos objetivos e resultados de suas ações. E mais, seriam as ações recíprocas (repetidas e “combinadas”) dos indivíduos que permitiriam a constituição daquelas formas duráveis (Estado, Igreja, casamento, etc.) de organização social.

Weber desenvolve a teoria da Sociologia Compreensiva, ou seja uma teoria que vai entender a sociedade a partir da compreensão dos ‘motivos’ visados subjetivamente pelas ações dos indivíduos.

Uma crítica de Weber aos positivistas, entre os quais se encontrariam Comte e Durkheim, deve-se ao fato de que eles pretendiam fazer da Sociologia uma ciência positiva, isto é , baseada nos mesmos métodos de investigação das ciências naturais. Segundo Weber, as ciências naturais (biologia, física, por exemplo) conseguiriam explicar aquilo que estudam ( a natureza) em termos de descobrir e revelar relações causais diretas e exclusivas, que permitiriam a formulação de leis de funcionamento de seus eventos, como as leis químicas e físicas que explicam o fenômeno da chuva. Mas a ciência social não poderia fazer exatamente

o mesmo. Segundo Weber, não haveria como garantir que uma ação ou fenômeno social ocorrerá sempre de determinada forma, como resposta direta a esta ou aquela causa exclusiva. No caso das Ciências Humanas, isso ocorre porque o ser humano possui “subjetividade”, que aparece na sua ação na forma de valores, motivações, intenções, interesses e expectativas.

Embora esses elementos que compõem a subjetividade humana sejam produtos culturais, quer dizer, produtos comuns acolhidos e assumidos coletivamente pelos membros da sociedade, ou do grupo, ainda assim se vê que os indivíduos vivenciam esses valores, motivações e expectativas de modos particulares. Às vezes com aceitação e reprodução dos valores e normas propostas pela cultura comum do grupo; outras

vezes, com questionamentos e reelaboração dessas indicações e até rejeição das mesmas.

Decorre dessa característica (de certa autonomia, criatividade e inventividade do ser humano diante das obrigações e constrangimentos da sociedade) a dificuldade de se definir leis de funcionamento da ação social que sejam definitivas e precisas.

Por isso, o que a Sociologia poderia fazer, seria desenvolver procedimentos de investigação que permitissem verificar que conjunto de “motivações”, valores e expectativas compartilhadas, estaria orientando a ação dos indivíduos envolvidos no fenômeno que se quer compreender, como uma eleição, por exemplo. Seria possível sim, prever, com algum acerto, como as pessoas votarão numa eleição, pesquisando sua “sub-jetividade”, ou seja, levantando qual é, naquela ocasião dada, o conjunto de valores, motivações, intenções e expectativas compartilhadas pelo grupo de eleitores em foco, e que servirão para orientar sua escolha eleitoral. Esses pressupostos estão por detrás das conhecidadas “pesquisas de intenção de voto”, bastante freqüentes em vésperas de eleições.

Vamos tentar ver isso na prática...

Segundo Weber, as pessoas podem atuar, em geral, mesclando quatro tipos básicos de ação social. São eles:

A ação racional com relação a fins: age para obter um fim objetivo previamente definido. E para tanto, seleciona e faz uso dos meios necessários e mais adequados do ponto de vista da avaliação. O que se destaca, aqui, é o esforço em adequar, racionalmente, os fins e os meios de atingir o objetivo. Na ação de um político, por exem-

plo, podemos ver um foco: o de obter o cargo com o poder que deseja a fim de...Bom. Aí depende do político.

Agora, “dando um tempo” nas teorias, veja o que Weber pensa sobre a política: ele nos fala no livro Ciência e Política – Duas vocações

O Surgimento da Sociologia e Teorias Sociológicas (2002), que há dois tipos de políticos que por nós são eleitos. Acompanhe: a) Os políticos que exercem essa profissão por vocação, ou seja, os que têm o poder como meta para trabalhar arduamente em prol da sociedade que os elegeu. Podemos dizer, em concordância com

Weber, que estes são os que vivem para a política, certo? b) E os que são políticos sem vocação, ou seja, que olham para a política como se fosse um “emprego” apenas. São aqueles que, uma vez eleitos, geralmente se esquecem dos compromissos sociais que assumiram, pouco fazem pelo social, trabalham apenas para man-

ter-se no poder a fim de continuar ganhando o salário. Weber diz que estes são os que vivem da política.

Bem. Fechados os parênteses teóricos, voltemos aos demais tipos de ação.

A ação racional com relação a valores, ocorreria porque, muitas vêzes, os fins últimos de ação respondem a convicções, ao apego fiel a certos valores (honra, justiça, honestidade...). Neste tipo, o sentido da ação está inscrito na própria conduta, nos valores que a motivaram e não na busca de algum resultado previa e racionalmente

proposto. Por esse tipo de ação podemos pensar as religiões. Ninguém vai a uma igreja ou pertence a determinada religião, de livre vontade, se não acredita nos valores que lá são pregados. Certo?

Na ação afetiva a pessoa age pelo afeto que possui por alguém ou algo. Uma serenata pode ser vista como uma ação afetiva para quem ama, não é mesmo?

A ação social tradicional é um tipo de ação que nos leva a pensar na existência de um costume. O ato de tomar chimarrão ou pedir a benção dos pais na hora de dormir são ações que podem ser pensadas pela ação tradicional.

ETNOCENTRISMO

Etnocentrismo é um conceito antropológico, segundo o qual a visão ou avaliação que um indivíduo ou grupo de pessoas faz de um grupo social diferente do seu é apenas baseada nos valores, referências e padrões adotados pelo grupo social ao qual o próprio indivíduo ou grupo fazem parte.

Essa avaliação é, por definição, preconceituosa, feita a partir de um ponto de vista específico. Basicamente, encontramos em tal posicionamento um grupo étnico considerar-se como superior a outro. Do ponto de vista intelectual, etnocentrismo é a dificuldade de pensar a diferença, de ver o mundo com os olhos dos outros.

O fato de que o ser humano vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural. Tal tendência, denominada etnocentrismo, é responsável em seus casos extremos pela ocorrência de numerosos conflitos sociais.

Não existem grupos superiores ou inferiores, mas grupos diferentes. Um grupo pode ter menor desenvolvimento tecnológico, se comparado a outro mas, possivelmente, é mais adaptado a determinado ambiente, além de não possuir diversos problemas que esse grupo "superior" possui.

A tendência do ser humano nas sociedades é de repudiar ou negar tudo que lhe é diferente ou não está de acordo com suas tendências, costumes e hábitos. Na civilização grega, o bárbaro, era o que "transgredia" toda a lei e costumes da época; este termo é, portanto, etimologicamente semelhante ao selvagem na sociedade ocidental.

O costume de discriminar os que são diferentes, porque pertencem a outro grupo, pode ser encontrado dentro de uma sociedade. Agressões verbais, e até físicas, praticadas contra os estranhos que se arriscam em determinados bairros periféricos de nossas grandes cidades é um dos exemplo.

Incluem-se aqui as pessoas que observam as outras culturas em função da sua própria cultura, tomando-a como padrão para valorizar e hierarquizar as restantes.

Comportamentos etnocêntricos resultam também em apreciações negativas dos padrões culturais de povos diferentes. Práticas de outros sistemas culturais são catalogadas como absurdas, deprimentes e imorais exemplos disso temos o Nazismo que tomou o mundo e devastou milhares de civis inocentes, como iremos ver a seguir.

Após a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha foi palco de uma revolução democrática que se instaurou no país. A primeira grande dificuldade da jovem república foi ter que assinar, em 1919, o Tratado de Versalhes que, impunha pesadas obrigações à Alemanha.

À medida que os conflitos sociais foram se intensificando, surgiram no cenário político-alemão partidos ultranacionalistas, radicalmente contrários ao socialismo. Curiosamente, um desses partidos chamava-se Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (Partido Nazista) e era liderado por um ex-cabo de nome Adolf Hitler. As eleições presidenciais de 1925 foram vencidas pelo velho Von Hindenburg que, com a ajuda do capital estrangeiro, especialmente norte-americano, conseguiu com que a economia do país voltasse a crescer lentamente. Esse crescimento, porém, perdurou somente até 1929.

Foi quando a crise econômica atingiu com tal força a Alemanha, que, em 1932, já havia no país mais de 6 milhões de desempregados. Nesse contexto de crise, os milhões de desempregados, bem como muitos integrantes dos grupos dominantes, passaram a acreditar nas promessas de Hitler de transformar a Alemanha num país rico e poderoso. Assim, nas eleições parlamentares de 1932, o Partido Nazista conseguiu obter 38% dos votos (230 deputados), mais do que qualquer outro partido.

Valendo-se disso, os nazistas passaram a pressionar o presidente e em 1933 este concedeu a Hitler o cargo de chanceler (chefe do governo). No poder, Hitler conseguiu rapidamente que o Parlamento aprovasse uma lei que lhe permitia governar sem dar satisfação de seus atos a ninguém. Em seguida, com base nessa lei, ordenou a dissolução de todos os partidos, com exceção do Partido Nazista. Em agosto de 1934, morreu Hindenburg e Hitler passou a ser o presidente da Alemanha, com o título de Führer (guia, condutor).

Fortalecido, o Führer lançou mão de uma propaganda sedutora e de violência policial para implantar a mais cruel ditadura que a humanidade já conhecera. A propaganda era dirigida por Joseph Goebbles, doutor em Humanidades e responsável pelo Ministério da Educação do Povo e da Propaganda. Esse órgão era encarregado de manter um rígido controle sobre os meios de comunicação, escolas e universidades e de produzir discursos, hinos, símbolos, saudações e palavras de ordem nazista. Já a violência policial esteve sob o comando de Heinrich Himmler, um racista extremado que se utilizava da SS (tropas de elite), das SA (tropas de choque) e da Gestapo (polícia secreta de Estado) para prender, torturar e eliminar os inimigos do nazismo.