domingo, 17 de abril de 2011

FILOSOFIA CRISTÃ - PATRÍSTICA E ESCOLÁSTICA

DIVISÃO DA FILOSOFIA CRISTÃ

PATRÍSTICA - A patrística procurou conciliar as verdades da revelação bíblica com as construções do pensamento próprias da filosofia grega. A maior parte de suas obras foi escrita em grego e latim, embora haja também muitos escritos doutrinários em aramaico e outras línguas orientais. Patrística é o corpo doutrinário que se constituiu com a colaboração dos primeiros padres da igreja, veiculado em toda a literatura cristã produzida entre os séculos II e VIII, exceto o Novo Testamento com o intuito de divulgar as doutrinas da igreja católica.

ESCOLÁSTICA - No século VIII, Carlos Magno resolveu organizar o ensino por todo o seu império e fundar escolas ligadas às instituições católicas. A cultura greco-romana, guardada nos mosteiros até então, voltou a ser divulgada, passando a Ter uma influência mais marcante nas reflexões da época. Era a renascença carolíngia.

Tendo a educação romana como modelo, começaram a ser ensinadas as seguintes matérias: gramática, retórica e dialética (o trivium) e geometria, aritmética, astronomia e música (o quadrivium). Todas elas estavam, no entanto, submetidas à teologia.

Primeira fase – PRIMITIVA – Pré-Tomista (do século IX ao fim do século XII): caracterizada pela confiança na perfeita harmonia entre fé e razão.

Segunda fase – MÉDIA – Tomista (do século XIII ao princípio do século XIV): caracterizada pela elaboração de grandes sistemas filosóficos, merecendo destaques nas obras de Tomás de Aquino. Nesta fase, considera-se que a harmonização entre fé e razão pôde ser parcialmente obtida.

Terceira fase - TARDIA (do século XIV até o século XVI): decadência da escolástica, caracterizada pela afirmação das diferenças fundamentais entre fé e razão.

PATRÍSTICA - JUSTINO

Justino, chamado mártir nasceu em Nablus, antiga Siquém na Samaria no início do segundo século. Filho de pais gentios, isto é, estrangeiros aos judeus, sofre seu martírio entre os anos 163 e 167 da era cristã. Justino elabora uma idéia original ao afirmar sobre a participação humana no Logos. Faz uso de uma expressão estóica:(logos semeador). Para Justino, Cristo (o Logos) de certa maneira está presente na constituição humana. Afirma que esta semente está presente em todos os homens e de maneira mais visível naqueles que se empenharam por viver a verdade e uma vida reta (moral) mesmo antes da encarnação do verbo.

PATRÍSTICA - TERTULIANO

Tertuliano, afirmava que o cristianismo era uma nova lei pregada por Jesus Cristo com a nova promessa de reino do céu. O seguidor de Jesus era admitido na igreja pelo batismo, mediante o qual todos os seus pecados anteriores foram apagados. Tertuliano conseguiu demonstrar para a igreja o profundo sentido de pecado e da graça. Afirmava que embora a salvação se fundamente na graça, o homem tem muito a fazer. Embora Deus perdoe no batismo os pecados passados, é necessário oferecer satisfação pelos cometidos posteriormente, isso mediante os sacrifícios voluntários. Quanto mais o homem punir-se a si mesmo, tanto menor será a punição que Deus lhe há de aplicar.

Tertuliano, define Divindade em termos que anteciparam a conclusão a que chegaria o Concílio Niceno mais de um século depois. “Todos são de um, por unidade de substância, embora ainda esteja oculto o mistério da dispensação que distribui a unidade numa Trindade, colocando em sua ordem os três, Pai, Filho e Espírito Santo; três, contudo... não em substância, mas em forma, não em poder, mas em aparência, pois eles são de uma só substância e de uma só essência e de um poder só, já que é dom de Deus que esses graus e formas e aspectos são reconhecidos com o nome de Pai, Filho e Espírito Santo”. Tertuliano descreveu estas distinções da Divindade como “pessoas”, termo que não tem a conotação, que nos é familiar, de personalidades, mas de modos objetivos de ser. Tertuliano deixou marcas significativas na teologia latina.

PATRÍSTICA – AGOSTINHO

Segundo ele, primeiro a inteligência prepara para a fé, depois a fé dirige e ilumina a inteligência. Finalmente a fé, iluminada pela inteligência, conduz ao amor. Desta forma vai do entendimento para a fé e da fé para o entendimento e de ambos para o amor.

Para Agostinho, a razão é auxilio poderoso para encontrar, nas criaturas, semelhanças que esclareçam e façam inteligível o conteudo da fé. Mas a razão tem um limite, não servindo para explicar todos os mistérios. Agostinho não se contenta com a fé, mas quer chegar à inteligência da mesma. Por outro lado, segundo ele, a fé ajuda a entender. Reconhecendo os limites da razão humana, manifesta na diversidade de opiniões dos filósofos, conclui a necessidade da revelação e da fé. Parte da fé para chegar à inteligência.

É possivel ao ser humano alcançar um conhecimento espiritual partindo da percepção sensível e por meio de sua propria atividade interior. Trata-se aqui dos conceitos universais. Contudo, os princípios supremos de um tal conhecimento geral, obtido pela percepção sensível, somente podem ser compreendidos por meio da iluminação divina. A alma do homem se encontra na linha do horizonte de dois mundos; no limite do mundo sensível e espiritual. Ainda que a imediata relação da alma com Deus tenha sido rompida pelo pecado original, ela não foi, no entanto, totalmente anulada. Pelo pecado, a alma caiu da altura de sua luminosidade e de sua pureza originária. Mas, ainda assim, ela manteve o horizonte divino : entre o mundo espiritual e o sensível. Contudo, devido à sua situação após a queda, a alma somente pode ascender ao mundo espiritual com o auxílio da ação ou graça divina. Ainda que Deus permaneça na alma humana, mesmo após ela haver cometido o pecado original.

ESCOLÁSTICA – ANSELMO

Num dos seus primeiros livros, Monológio, em que apresenta sua visão de Deus, Anselmo fala que a essência suprema existe em todas as coisas e tudo depende dela. Reconhece nela onipotência, onipresença, máxima sabedoria e bondade suprema. Ela criou tudo a partir do nada. Anselmo procurava desenvolver um raciocínio evolutivo sobre o que considerava ser a verdade, que estava contida na Bíblia. Para Anselmo, o pensamento tem algo de divino, e Deus tem uma razão. Sua palavra é sua essência, e Ele é pura essência (essa noção não é nova) infinita, sem começo nem fim, pois nada existiu antes da essência divina e nada existirá depois. Para ela o presente, o passado e o futuro são juntos ao tempo, são uma coisa só. E Ela é imutável, uma substância, embora seja diferente da substância das outras criaturas. Existe de uma maneira simples e não pode ser comparado com a consciência das criaturas, pois é perfeito e maravilhoso e tem todas as qualidades já citadas. O verbo e o espírito supremo são uma coisa só, pois este usa o verbo consubstancial para expressar-se. Mas a maneira intrínseca que o espírito supremo se expressa e conhece as coisas é incogniscível para nós. O verbo procede de Deus por nascimento, e o pai passa a sua essência para o filho. O espírito ama a si mesmo, e transmite esse amor.


ESCOLÁSTICA – SÃO TOMÁS DE AQUINO

Primeira via Primeiro motor imóvel: tudo o que se move é movido por alguém, é impossível uma cadeia infinita de motores provocando o movimento dos movidos, pois do contrário nunca se chegaria ao movimento presente, logo há que ter um primeiro motor que deu início ao movimento existente e que por ninguém foi movido.

Segunda via Causa primeira: decorre da relação "causa-e-efeito" que se observa nas coisas criadas. É necessário que haja uma causa primeira que por ninguém tenha sido causada, pois a todo efeito é atribuída uma causa, do contrário não haveria nenhum efeito pois cada causa pediria uma outra numa sequência infinita.

Terceira via Ser necessário: existem seres que podem ser ou não ser (contingentes), mas nem todos os seres podem ser desnecessários se não o mundo não existiria, logo é preciso que haja um ser que fundamente a existência dos seres contingentes e que não tenha a sua existência fundada em nenhum outro ser.

Quarta via Ser perfeito: verifica-se que há graus de perfeição nos seres, uns são mais perfeitos que outros, qualquer graduação pressupõe um parâmetro máximo, logo deve existir um ser que tenha este padrão máximo de perfeição e que é a causa da perfeição dos demais seres. Quinta via Inteligência ordenadora: existe uma ordem no universo que é facilmente verificada, ora toda ordem é fruto de uma inteligência, não se chega à ordem pelo acaso e nem pelo caos, logo há um ser inteligente que dispôs o universo na forma ordenada.


INSTITUIÇÃO ESCOLAR

IVAN ILLICH (Desinstalação da Escola)

Muitos estudantes, especialmente os mais pobres, percebem intuitivamente o que a escola faz por eles. Ela os escolariza para confundir processo com substância. Alcançado isto, uma nova lógica entra em jogo: quanto mais longa a escolaridade, melhores os resultados; ou, então, a graduação leva ao sucesso. O aluno é, desse modo, “escolarizado” a confundir ensino com aprendizagem, obtenção de graus com educação, diploma com competência, fluência no falar com capacidade de dizer algo novo. Sua imaginação é “ escolarizada” a aceitar serviço em vez de valor. Identifica erroneamente cuidar da saúde com tratamento médico, melhoria de vida comunitária com assistência social, segurança com proteção policial, segurança nacional com aparato militar, trabalho produtivo com concorrência desleal. Saúde, aprendizagem, dignidade, independência e faculdade criativa são definidas como sendo um pouquinho mais que o produto das instituições que dizem servir a esses fins; e sua promoção está em conceder maiores recursos para a administração de hospitais, escolas e outras instituições semelhantes.

ORGANIZAÇÃO DA ESCOLA QUE CONHECEMOS

a preocupação em separar os alunos em classes seriadas, de acordo com a faixa etária;

a divisão sistemática dos programas de acordo com cada série; os níveis de estudos passam a ter um encadeamento: a escola elementar (ler, escrever e contar), com a escola média ou profissional e os estudos superiores;

o tempo para o estudo e para o cumprimento dos programas para uma determinada série também passam a ser preestabelecidos.

Não será mais o ritmo de aprendizado do aluno que dirá de quanto tempo ele necessita para aprender, mas sim o ritmo imposto pela instituição.

QUE FATORES CONTRIBUÍRAM PARA O SURGIMENTO DA ESCOLA

As revoluções burguesas, principalmente a inglesa (séc.XVIl) e a francesa (séc. XVIIl);

Os ideais liberalistas:

  • o individualismo;
  • a propriedade:
  • a liberdade e a igualdade:
  • a democracia:

Os ideais racionalistas:

  • supervalorização do pensamento racional e científico.

QUE FATORES CONTRIBUÍRAM PARA O SURGIMENTO DA ESCOLA

As revoluções burguesas, principalmente a inglesa (séc.XVIl) e a francesa (séc. XVIIl);

Os ideais liberalistas:

  • o individualismo: coloca no esforço individual toda a responsabilidade para que as pessoas atinjam o sucesso ou o progresso, desconsiderando as condições econômicas e sociais nas quais estejam vivendo.
  • a propriedade: significa que todos têm direito à propriedade desde que se esforcem e trabalhem para isso.
  • a liberdade e a igualdade: não se refere à igualdade social, mas sim à igualdade perante a lei. Pois é, mas em relação às desigualdades sociais, a conversa é outra. Os liberais consideram natural que existam pobres e ricos.
  • e a democracia: democracia representativa, isto é, o direito de todos escolherem seus representantes políticos.

Os ideais racionalistas:

supervalorização do pensamento racional e científico.