Aulas de Filosofia



Escolas Helenísticas – Aula de FIlosofia
A palavra “helenística” deriva de helenismo, termo que corresponde ao período que vai de Alexandre Magno, o macedônico, até o da dominação romana (fim do séc. IV a. C. ao fim do séc. I d.C.). Alexandre foi o grande responsável por estender a influência grega desde o Egito até a Índia.
A filosofia helenística corresponde a um desenvolvimento natural do movimento intelectual que a precedeu e torna a defrontar-se muitas vezes com temas pré-socráticos; porém, sobretudo ela é profundamente marcada pelo espírito socrático. A experiência com outros povos também lhe permitiu desempenhar certo papel no desenvolvimento da noção de cosmopolitismo, isto é, da ideia de homem como cidadão do mundo.
As escolas helenísticas têm em comum a atividade filosófica, como amor e investigação da sabedoria, sendo esta um modo de vida. Elas não se diferenciavam muito na escolha da forma de sabedoria. Todas elas definiam a sabedoria como um estado de perfeita tranquilidade da alma. Nesse sentido, a filosofia é uma terapêutica dos cuidados, das angústias e da miséria humana, miséria resultante das convenções e obrigações sociais.
Todas as escolas helenísticas trazem certa herança socrática ao admitir que os homens estão submersos na miséria, na angústia e no mal, porque estão na ignorância; o mal não está nas coisas, mas no juízo de valor que os homens atribuem a elas. Disso decorre uma exigência: que os homens cuidem de mudar radicalmente seus juízos de valor e seu modo de pensar e ser. E isso só é possível mediante a paz interior e a tranquilidade da alma.
As escolas filosóficas do período helenístico mais conhecidas são: o epicurismo, o estoicismo, o cinismo e o ceticismo.
Epicurismo: é o sistema filosófico ensinado por Epicuro de Samos, filósofo ateniense do século IV a.C., e seguído depois por outros filósofos, chamados epicuristas.
Epicuro acreditava que o maior bem era a procura de prazeres modestos de forma a atingir um estado de tranquilidade (ataraxia) e de libertação do medo, assim como a ausência de sofrimento corporal (aponia) através do conhecimento do funcionamento do mundo e da limitação dos desejos. A combinação desses dois estados constituiria a felicidade na sua forma mais elevada. Embora o epicurismo seja uma forma de hedonismo (já que declara o prazer como o único valor intrínseco), a sua concepção da ausência de dor como o maior prazer e a sua apologia da vida simples tornam-no diferente do que vulgarmente se chama “hedonismo”.
Estoicismo: O estoicismo é uma doutrina filosófica fundada por Zenão de Cítio, que afirma que todo o universo é corpóreo e governado por um Logos divino (noção que os estóicos tomam de Heráclito e desenvolvem). A alma está identificada com este princípio divino, como parte de um todo ao qual pertence. Este lógos (ou razão universal) ordena todas as coisas: tudo surge a partir dele e de acordo com ele, graças a ele o mundo é um kosmos (termo que em grego significa "harmonia").
O estoicismo propõe viver de acordo com a lei racional da natureza e aconselha a indiferença (apathea) em relação a tudo que é externo ao ser. O homem sábio obedece à lei natural reconhecendo-se como uma peça na grande ordem e propósito do universo, devendo assim manter a serenidade perante as tragédias e coisas boas.
Cinismo: O Cinismo foi uma corrente filosófica fundada por um discípulo de Sócrates, chamado Antístenes, e cujo maior nome foi Diógenes de Sínope, por volta de 400 a.C., que pregava essencialmente o desapego aos bens materiais e externos.
O termo passou à posteridade como caraterização pejorativa de pessoas sem pudor, indiferentes ao sofrimento alheio (que em nada se assemelha a origem filosófica da palavra).
Ceticismo: O Ceticismo filosófico originou-se a partir da filosofia grega. Uma de suas primeiras propostas foi feita por Pirro de Élis (360-275 a.C.), que viajou até a Índia numa das campanhas de Alexandre, o Grande para aprofundar seus estudos, e propôs a adoção do ceticismo "prático" (vide também Pirronismo).
Subseqüentemente, na "Nova Academia", Arcesilau (315-241 a.C.) e Carnéades (213-129 a.C.) desenvolveram mais perspectivas teóricas, que refutavam concepções absolutas de verdade e mentira. Carneades criticou as visões dos dogmatistas, especialmente os defensores do estoicismo, alegando que a certeza absoluta do conhecimento é impossível. Sexto Empírico (200 d.C.), a maior autoridade do ceticismo grego, desenvolveu ainda mais a corrente, incorporando aspectos do empirismo em sua base para afirmar o conhecimento.
Ou seja,o ceticismo filosófico é procurar saber, não se contentando com a ignorância fornecida atualmente pelos meios públicos, por meio da dúvida. Opõem-se ao dogmatismo, em que é possível conhecer a verdade.

Aristóteles

Vida
Aristóteles era natural de Estagira, na Trácia,[5] sendo filho de Nicômaco, amigo e médico pessoal do rei macedônio Amintas III, pai de Filipe II.[6] É provável que o interesse de Aristóteles por biologia e fisiologia decorra da atividade médica exercida pelo pai e pelo tio, e que remontava há dez gerações.
Segundo a compilação bizantina Suda, Nicômaco era descendente de Nicômaco, filho de Macaão, filho de Esculápio.[7]
Com cerca de 16 ou 17 anos partiu para Atenas, maior centro intelectual e artístico da Grécia. Como muitos outros jovens da época, foi para lá prosseguir os estudos. Duas grandes instituições disputavam a preferência dos jovens: a escola de Isócrates, que visava preparar o aluno para a vida política, e Platão e sua Academia, com preferência à ciência (episteme) como fundamento da realidade. Apesar do aviso de que, quem não conhecesse Geometria ali não deveria entrar, Aristóteles decidiu-se pela academia platônica e nela permaneceu vinte anos, até 347 a.C., ano que morreu Platão.
Com a morte do grande mestre e com a escolha do sobrinho de Platão, Espeusipo, para a chefia da academia, Aristóteles partiu para Assos com alguns ex-alunos. Dois fatos parecem se relacionar com esse episódio: Espeusipo representava uma tendência que desagradava Aristóteles, isto é, a matematização da filosofia; e Aristóteles ter-se sentido preterido (ou rejeitado), já que se julgava o mais apto para assumir a direção da Academia, no entanto não assumira devido ao fato de que não era grego, era imigrante da Macedônia.
Em Assos, Aristóteles fundou um pequeno círculo filosófico com a ajuda de Hérmias, tirano local e eventual ouvinte de Platão. Lá ficou por três anos e casou-se com Pítias, sobrinha de Hérmias. Assassinado Hérmias, Aristóteles partiu para Mitilene, na ilha de Lesbos, onde realizou a maior parte das famosas investigações biológicas. No ano de 343 a.C. chamado por Filipe II, tornou-se preceptor de Alexandre, função que exerceu até 336 a.C., quando Alexandre subiu ao trono.
Neste mesmo ano, de volta a Atenas, fundou o Lykeion, origem da palavra Liceu cujos alunos ficaram conhecidos como peripatéticos (os que passeiam), nome decorrente do hábito de Aristóteles de ensinar ao ar livre, muitas vezes sob as árvores que cercavam o Liceu. Ao contrário da Academia de Platão, o Liceu privilegiava as ciências naturais. Alexandre mesmo enviava ao mestre exemplares da fauna e flora das regiões conquistadas. O trabalho cobria os campos do conhecimento clássico de então, filosofia, metafísica, lógica, ética, política, retórica, poesia, biologia, zoologia, medicina e estabeleceu as bases de tais disciplinas quanto a metodologia científica.
Aristóteles dirigiu a escola até 324 a.C., pouco depois da morte de Alexandre. Os sentimentos antimacedônicos dos atenienses voltaram-se contra ele que, sentindo-se ameaçado, deixou Atenas afirmando não permitir que a cidade cometesse um segundo crime contra a filosofia (alusão ao julgamento de Sócrates). Deixou a escola aos cuidados do principal discípulo, Teofrasto (372 a.C. - 288 a.C.) e retirou-se para Cálcis, na Eubéia. Nessa época, Aristóteles já era casado com Hérpiles, uma vez que Pítias havia falecido pouco tempo depois do assassinato de Hérmias, seu protetor. Com Hérpiles, teve uma filha e o filho Nicômaco. Morreu a 322 a.C.
O pensamento aristotélico
A tradição representa um elemento vital para a compreensão da filosofia aristotélica. Em certo sentido, Aristóteles via o próprio pensamento como o ponto culminante do processo desencadeado por Tales de Mileto. A filosofia pretendia não apenas rever como também corrigir as falhas e imperfeições das filosofias anteriores. Ao mesmo tempo, trilhou novos caminhos para fundamentar as críticas, revisões e novas proposições.
Aluno de Platão, Aristóteles discorda de uma parte fundamental da filosofia. Platão concebia dois mundos existentes: aquele que é apreendido por nossos sentidos, o mundo concreto -, em constante mutação; e outro mundo - abstrato -, o das ideias, acessível somente pelo intelecto, imutável e independente do tempo e do espaço material. Aristóteles, ao contrário, defende a existência de um único mundo: este em que vivemos. O que está além de nossa experiência sensível não pode ser nada para nós.
Lógica
Para Aristóteles, a Lógica é um instrumento, uma introdução para as ciências e para o conhecimento e baseia-se no silogismo, o raciocínio formalmente estruturado que supõe certas premissas colocadas previamente para que haja uma conclusão necessária. O silogismo é dedutivo, parte do universal para o particular; a indução, ao contrário, parte do particular para o universal. Dessa forma, se forem verdadeiras as premissas, a conclusão, logicamente, também será.
Física
A concepção aristotélica de Física parte do movimento, elucidando-o nas análises dos conceitos de crescimento, alteração e mudança. A teoria do ato e potência, com implicações metafísicas, é o fundamento do sistema. Ato e potência relacionam-se com o movimento enquanto que a matéria se forma com a ausência de movimento.
Para Aristóteles, os objetos caíam para se localizarem corretamente de acordo com a natureza: o éter, acima de tudo; logo abaixo, o fogo; depois o ar; depois a água e, por último, a terra.
Psicologia
A Psicologia é a teoria da alma e baseia-se nos conceitos de alma (psykhé) e intelecto (noûs). A alma é a forma primordial de um corpo que possui vida em potência, sendo a essência do corpo. O intelecto, por sua vez, não se restringe a uma relação específica com o corpo; sua atividade vai além dele.
O organismo, uma vez desenvolvido, recebe a forma que lhe possibilitará perfeição maior, fazendo passar suas potências a ato. Essa forma é alma. Ela faz com que vegetem, cresçam e se reproduzam os animais e plantas e também faz com que os animais sintam.
No homem, a alma, além de suas características vegetativas e sensitivas, há também a característica da inteligência, que é capaz de apreender as essências de modo independente da condição orgânica.
Ele acreditava que a mulher era um ser incompleto, um meio homem. Seria passiva, ao passo que o homem seria ativo.
Biologia
A biologia é a ciência da vida e situa-se no âmbito da física (como a própria psicologia), pois está centrada na relação entre ato e potência. Aristóteles foi o verdadeiro fundador da zoologia - levando-se em conta o sentido etimológico da palavra. A ele se deve a primeira divisão do reino animal.
Aristóteles é o pai da teoria da abiogênese, que durou até séculos mais recentes, segundo a qual um ser nascia de um germe da vida, sem que um outro ser precisasse gerá-lo (exceto os humanos): um exemplo é o das aves que vivem à beira das lagoas, cujo germe da vida estaria nas plantas próximas.
Ainda no campo da biologia, Aristóteles foi quem iniciou os estudos científicos documentados sobre peixes sendo o precursor da ictiologia (a ciência que estuda os peixes), catalogou mais de cem espécies de peixes marinhos e descreveu seu comportamento. É considerado como elemento histórico da evolução da piscicultura e da aquariofilia.
Metafísica
O termo "Metafísica" não é aristotélico; o que hoje chamamos de metafísica era chamado por Aristóteles de filosofia primeira. Esta é a ciência que se ocupa com realidades que estão além das realidades físicas que possuem fácil e imediata apreensão sensorial.
O conceito de metafísica em Aristóteles é extremamente complexo e não há uma definição única. O filósofo deu quatro definições para metafísica:
1.            a ciência que indaga e reflete acerca dos princípios e primeiras causas;
2.            a ciência que indaga o ente enquanto aquilo que o constitui, enquanto o ser do ente;
3.            a ciência que investiga as substâncias;
4.            a ciência que investiga a substância supra-sensível, ou seja, que excede o que é percebido através da materialidade e da experiência sensível.
Os conceitos de ato e potência, matéria e forma, substância e acidente possuem especial importância na metafísica aristotélica.
As quatro causas
Para Aristóteles, existem quatro causas implicadas na existência de algo:
·                    A causa material (aquilo do qual é feita alguma coisa, a argila, por exemplo);
·                    A causa formal (a coisa em si, como um vaso de argila);
·                    A causa eficiente (aquilo que dá origem ao processo em que a coisa surge, como as mãos de quem trabalha a argila);
·                    A causa final (aquilo para o qual a coisa é feita, cite-se portar arranjos para enfeitar um ambiente).
A teoria aristotélica sobre as causas estende-se sobre toda a Natureza, que é como um artista que age no interior das coisas.
Essência e acidente
Aristóteles distingue, também, a essência e os acidentes em alguma coisa.
A essência é algo sem o qual aquilo não pode ser o que é; é o que dá identidade a um ser, e sem a qual aquele ser não pode ser reconhecido como sendo ele mesmo (por exemplo: um livro sem nenhum tipo de história ou informações estruturadas, no caso de um livro técnico, não pode ser considerado um livro, pois o fato de ter uma história ou informações é o que permite-o ser identificado como "livro" e não como "caderno" ou meramente "maço de papel").
O acidente é algo que pode ser inerente ou não ao ser, mas que, mesmo assim, não descaracteriza-se o ser por sua falta (o tamanho de uma flor, por exemplo, é um acidente, pois uma flor grande não deixará de ser flor por ser grande; a sua cor, também, pois, por mais que uma flor tenha que ter, necessariamente, alguma cor, ainda assim tal característica não faz de uma flor o que ela é).
Potência, ato e movimento
Todas as coisas são em potência e ato. Uma coisa em potência é uma coisa que tende a ser outra, como uma semente (uma árvore em potência). Uma coisa em ato é algo que já está realizado, como uma árvore (uma semente em ato). É interessante notar que todas as coisas, mesmo em ato, também são em potência (pois uma árvore - uma semente em ato - também é uma folha de papel ou uma mesa em potência). A única coisa totalmente em ato é o Ato Puro, que Aristóteles identifica com o Bem. Esse Ato não é nada em potência, nem é a realização de potência alguma. Ele é sempre igual a si mesmo, e não é um antecedente de coisa alguma. Desse conceito Tomás de Aquino derivou sua noção de Deus em que Deus seria "Ato Puro".
Um ser em potência só pode tornar-se um ser em ato mediante algum movimento. O movimento vai sempre da potência ao ato, da privação à posse. É por isso que o movimento pode ser definido como ato de um ser em potência enquanto está em potência.
O ato é portanto, a realização da potência, e essa realização pode ocorrer através da ação (gerada pela potência ativa) e perfeição (gerada pela potência passiva).
Ética
No sistema aristotélico, a ética é a ciência das condutas, menos exata na medida em que se ocupa com assuntos passíveis de modificação. Ela não se ocupa com aquilo que no homem é essencial e imutável, mas daquilo que pode ser obtido por ações repetidas, disposições adquiridas ou de hábitos que constituem as virtudes e os vícios. Seu objetivo último é garantir ou possibilitar a conquista da felicidade.
Partindo das disposições naturais do homem (disposições particulares a cada um e que constituem o caráter), a moral mostra como essas disposições devem ser modificadas para que se ajustem à razão. Estas disposições costumam estar afastadas do meio-termo, estado que Aristóteles considera o ideal. Assim, algumas pessoas são muito tímidas, outras muito audaciosas. A virtude é o meio-termo e o vício se dá ou na falta ou no excesso. Por exemplo: coragem é uma virtude e seus contrários são a temeridade (excesso de coragem) e a covardia (ausência de coragem).
As virtudes se realizam sempre no âmbito humano e não têm mais sentido quando as relações humanas desaparecem, como, por exemplo, em relação a Deus. Totalmente diferente é a virtude especulativa ou intelectual, que pertence apenas a alguns (geralmente os filósofos) que, fora da vida moral, buscam o conhecimento pelo conhecimento. É assim que a contemplação aproxima o homem de Deus.
Política
Alexandre e Aristóteles.
Na filosofia aristotélica a política é um desdobramento natural da ética. Ambas, na verdade, compõem a unidade do que Aristóteles chamava de filosofia prática.
Se a ética está preocupada com a felicidade individual do homem, a política se preocupa com a felicidade coletiva da pólis. Desse modo, é tarefa da política investigar e descobrir quais são as formas de governo e as instituições capazes de assegurar a felicidade coletiva. Trata-se, portanto, de investigar a constituição do estado.
Acredita-se que as reflexões aristotélicas sobre a política originam-se da época em que ele era preceptor de Alexandre, o Grande.
Direito
Para Aristóteles, assim como a política, o direito também é um desdobramento da ética. O direito para Aristóteles é uma ciência dialética, por ser fruto de teses ou hipóteses, não necessariamente verdadeiras, validadas principalmente pela aprovação da maioria.
Retórica
Aristóteles considerava importante o conhecimento da retórica, já que ela se constituiu em uma técnica (por habilitar a estruturação e exposição de argumentos) e por relacionar-se com a vida pública. O fundamento da retórica é o entimema (silogismo truncado, incompleto), um silogismo no qual se subentende uma premissa ou uma conclusão. O discurso retórico opera em três campos ou gêneros: gênero deliberativo, gênero judicial e gênero epidítico (ostentoso, demonstrativo).
Poética
A poética é imitação (mimesis) e abrange a poesia épica, a lírica e a dramática: (tragédia e comédia). A imitação visa a recriação e a recriação visa aquilo que pode ser. Desse modo, a poética tem por fim o possível. O homem apresenta-se de diferentes modos em cada gênero poético: a poesia épica apresenta o homem como maior do que realmente é, idealizando-o; a tragédia apresenta o homem exaltando suas virtudes e a comédia apresenta o homem ressaltando seus vícios ou defeito.
Astronomia
O cosmos aristotélico é apresentado como uma esfera gigantesca, porém finita, à qual se prendiam as estrelas, e dentro da qual se verificava uma rigorosa subordinação de outras esferas, que pertenciam aos planetas então conhecidos e que giravam em torno da Terra, que se manteria imóvel no centro do sistema (sistema geocêntrico).[9]
Os corpos celestes não seriam formados por nenhum dos chamados quatro elementos transformáveis (terra, água, ar, fogo), mas por um elemento não transformável designado "quinta essência". Os movimentos circulares dos objetos celestes seriam, além de naturais, eternos.
Metafísica - Aristóteles



Resumo






Metafísica (do grego μετα [meta] = depois de/além de/ entre/ através de e Φυσις [physis] = natureza ou físico) é um ramo da filosofia que estuda a essência do mundo. O saber é o estudo do ser ou da realidade. Ocupa-se em procurar responder perguntas tais como:

O que é real (veja realidade)? O que é natural (veja naturalismo)? O que é sobrenatural (veja milagre)? O ramo central da metafísica é a ontologia, que investiga em quais categorias as coisas estão no mundo e quais as relações dessas coisas entre si. A metafísica também tenta esclarecer as noções de como as pessoas entendem o mundo, incluindo a existência e a natureza do relacionamento entre objetos e suas propriedades, espaço, tempo, causalidade, e possibilidade.

Conceituação
Parte mais central da filosofia que busca o princípio e as causas fundamentais de tudo, tratando de questões que, em geral, não podem ser confirmadas pela experiência direta. Constitui a filosofia primeira, o ponto de partida do sistema filosófico. O termo surge por volta de 50 a.C., quando Andronico de Rodes (século I a.C.), ao organizar a coleção da obra de Aristóteles, dá o nome de ta metà ta physiká ao conjunto de textos que se seguiam aos da física ("metà" quer dizer além).
Historicamente, a palavra passa a significar tudo o que transcende à física, porque nesses estudos Aristóteles examina a natureza do ser em geral e não de suas formas particulares, postulando a idéia de Deus como substância fundamental. As bases do pensamento de Aristóteles podem ser encontradas no platonismo. Para Platão, a filosofia é a única ciência capaz de atingir o verdadeiro conhecimento. Por meio da dialética, o filósofo aproxima-se das idéias puras, como a verdade, a beleza, o bem e a justiça. Na Idade Média, a metafísica confunde-se com a teologia.
O italiano santo Tomás de Aquino afirma que a metafísica estuda a causa primeira, e, como a causa primeira é Deus, ele é o objeto da metafísica. Na Idade Moderna a experiência passa a ser extremamente valorizada e a metafísica deixa de ser considerada a base do conhecimento filosófico. O escocês David Hume diz que o homem está completamente submetido aos sentidos, portanto não pode criar idéias, e não é possível formular nenhuma teoria geral da realidade. Para ele, ciência alguma é capaz de atingir a verdade, seus conhecimentos são sempre probabilidade.
No século XVIII, o alemão Immanuel Kant afirma que o domínio da razão e o rigor científico podem recriar a metafísica como conjunto dos conhecimentos dados apenas pela razão, sem utilizar os dados da experiência. Nesse sentido, a metafísica para Kant reduz-se ao estudo das condições e limites do conhecimento. No século XIX, o positivismo de Auguste Comte coloca a metafísica como uma ciência superada.
Segundo ele, a história da humanidade (e, por analogia, o conhecimento humano) passa por três períodos: o teológico, o metafísico e o positivo, ou científico, sendo que este último é superior aos anteriores. No século XX, o filósofo alemão Martin Heidegger faz uma revisão da história da metafísica e sustenta que ela confunde o estudo do ser, o verdadeiro objeto da filosofia, com outros temas, como a idéia, a natureza e a razão.

Dicionário:
Realidade: (do latim realitas isto é, "coisa") significa em uso comum "tudo o que existe". Em seu sentido mais livre, o termo inclui tudo o que é, seja ou não perceptível, acessível ou entendido pela ciência, filosofia ou qualquer outro sistema de análise. Realidade significa a propriedade do que é real. Aquilo que é, que existe. O atributo do existente.
Naturalismo: é uma escola literária conhecida por ser a radicalização do Realismo, baseando-se na observação fiel da realidade e na experiência, mostrando que o indivíduo é determinado pelo ambiente e pela hereditariedade. A escola esboçou o que pode-se declarar como os primeiros passos do pensamento teórico evolucionista de Charles Darwin.
Ontologia: (em grego ontos e logoi, "conhecimento do ser") é a parte da filosofia que trata da natureza do ser, da realidade, da existência dos entes e das questões metafísicas em geral. A ontologia trata do ser enquanto ser, isto é, do ser concebido como tendo uma natureza comum que é inerente a todos e a cada um dos seres. Costuma ser confundida com metafísica

A Filosofia como Exercício da Ironia

Mito e Filosofia  enquanto espaço de debate e deliberação, tornou o campo fértil para a fecundação e o florescimento da filosofia. E a figura emblemática dessa época, que nada escreveu e da qual se fala até os nossos dias como o modelo de filósofo, foi Sócrates.
Na praça pública, Sócrates interrogava os homens e instigava-os a refletir sobre si e sobre o mundo. Sócrates foi uma figura misteriosa, que questionava as pessoas que encontrava dizendo buscar a verdade. Conforme acentua Lefebvre, (1969, p. 11) “(...) voltando-se para fora e para o público, Sócrates interroga os atores para saber se eles sabem exatamente porque arriscam suas vidas, a felicidade ou a falta de felicidade (...)”, assim como a felicidade dos outros. Sócrates é aquele que chega de mansinho e, sem que se espere, lança uma pergunta que faz o sujeito olhar para si e perguntar: afinal, o que faço aqui? É isso o que realmente procuro ou desejo?
O que é a ironia socrática? O próprio Sócrates, nos diálogos platônicos, diz que seu destino é investigar, já que a única verdade que detém é a certeza de que nada sabe. Interrogava, portanto, para saber e, empenhado nessa tarefa, não raro surpreendia as pessoas em contradições, resultantes de crenças aceitas de modo dogmático, de pretensas verdades admitidas sem crítica.
A ironia tinha que ser acompanhada da maiêutica, isto é, o método socrático constituía-se de duas partes: a primeira mostrava os limites, as falhas, os preconceitos do pensamento comum e a segunda iniciava no processo de busca da verdadeira sabedoria. Numa situação de conflito e de incertezas o ironista, depois de realizar o exercício da desconstrução e da negatividade, deve ajudar as pessoas a darem a luz às verdades que, no entender de Sócrates, traziam dentro de si. O exercício do filosofar, a partir das verdades encontradas, abria caminhos para múltiplas  possibilidades de escolha e ação.
As perguntas de Sócrates não visavam confundir as pessoas e ridicularizar seu conhecimento das coisas, mas, motivá-las a alcançar um conhecimento mais profundo, não só de si próprias, mas também dos outros, dos objetos e do mundo que as rodeava, provocando nelas novas idéias. Essa era a sua maneira de filosofar, sua “arte de partejar”, deajudar as pessoas a parir, a dar a luz às novas idéias, arte que dizia ter aprendido com sua mãe, que ajudava as mulheres a dar a luz aos seus
filhos. A interrogação de Sócrates expunha os saberes dos sujeitos e, ao mesmo tempo, mostrava o quanto as pessoas não tinham consciência daquilo que realmente sabiam.
Essa atitude, como dizem os historiadores, fez de Sócrates uma figura singular e lhe angariou alguns amigos e muitos inimigos. Embora parecesse neutra e sem um objetivo preciso (Sócrates parecia não ser partidário de nenhuma das tendências da época e não defendeu explicitamente nenhum regime político), essa atitude questionava poderes instituídos, valores consolidados e, por isso, também pedia mudanças. Com a ironia, ao trazer à tona os limites dos argumentos comuns, ao mostrar as contradições ocultas na ordem comumente aceita, ao revelar, ao abalar as certezas que fundavam o cotidiano, Sócrates convida ao filosofar como um processo metódico de elaboração de novos saberes.
Ao afirmar que também ele nada sabia, queria apenas dizer que um novo caminho para chegar-se a uma nova verdade seria indispensável.
Se ele soubesse esta nova verdade, ele não diria que nada sabia, pois apenas sabia o caminho, isto é, o começo do conhecimento e ele queria saber mais.
 
CONTEÚDO: NAS ORIGENS DIRETA, HOJE REPRESENTATIVA

              A palavra política deriva de Pólis, a forma de organização social dos gregos antigos. o exemplo mais famoso é o da cidade de Atenas. lá se inventou a palavra democracia, o governo do povo. Se todos os cidadãos são iguais, todos devem compartilhar as responsabilidades políticas.
            A democracia ateniense tinha hábitos estranhos para nos. A maioria dos cargos públicos, por exemplo, era ocupada mediante sorteio. O sorteio evitaria a formação de facções com interesses particulares. O conjunto  dos cidadãos, em assembléia, decidia diretamente os rumos da cidade.
            Hoje, não é assim. se os cidadãos atenienses eram diretamento o Estado ateniense, atualmente somos apenas indiretamente. O estado não é mais governado por todos. para conservar-se, ele necessita separar-se do conjunto da multidão. Uma parte da sociedade é designada para exercer funções como se todos estivesse presentes. Assim o exercício da política é, essencialmente. representantivo.
                Nicolau Maquiável foi um dos primeiros a perceber essa mutação: "um principe é frequentemente forçado, para manter o governo, a agir contra a caridade, a fé, a humanidade, a religião".
                 Thomas Hobbes também constatou essa diferença: "institui-se um Estado quando uma multidão concorda que um homem ou assembléia de homens represente todos".
                 É por isso que na Constituição Federal, em seu artigo 1º, parágrafo único, se diz: "Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição". 

                     
CONTEÚDO: OS SOFISTAS


Escola sofística



Os sofistas se compunham de grupos de mestres que viajavam de cidade em cidade realizando aparições públicas (discursos, etc) para atrair estudantes, de quem cobravam taxas para oferecer-lhes educação. O foco central de seus ensinamentos concentrava-se no logos ou discurso, com foco
em estratégias de argumentação. Os mestres sofistas alegavam que podiam "melhorar" seus discípulos, ou, em outras palavras, que a "virtude" seria passível de ser ensinada.
Protágoras (481 a.C.-420 a.C.), Górgias (483 a.C.-376 a.C.), e Isócrates (436 a.C.-338 a.C.) estão entre os primeiros sofistas conhecidos.

Diversos sofistas questionaram a propalada sabedoria recebida pelos deuses e a supremacia da cultura grega (uma idéia absoluta à época). Argumentavam, por exemplo, que as práticas culturais existiam
em função de convenções ou "nomos", e que a moralidade ou imoralidade de um ato não poderia ser julgada fora do contexto cultural em que aquele ocorreu. Tal posição questionadora levou-os a serem perseguidos, inclusive, por aqueles que se diziam amar a sabedoria: os filósofos gregos.
A conhecida frase "o homem é a medida de todas as coisas" surgiu dos ensinamentos sofistas. Uma das mais famosas doutrinas sofistas é a teoria do contra-argumento. Eles ensinavam que todo e qualquer argumento poderia ser contraposto por outro argumento, e que a efetividade de um dado argumento residiria na verossimilhança (aparência de verdadeiro, mas não necessariamente verdadeiro) perante uma dada platéia.

Os Sofistas foram os primeiros advogados do mundo, ao cobrar de seus clientes para efetuar suas defesas, dada sua alta capacidade de argumentação. São também considerados por muitos os guardiões da democracia na antiguidade, na medida em aceitavam a relatividade da verdade.
Hoje, a aceitação do "ponto de vista alheio" é a pedra fundamental da democracia moderna.
Sofística era originalmente o termo dado às técnicas ensinadas por um grupo altamente respeitado de professores retóricos na Grécia antiga. O uso moderno da palavra, sugestionando um argumento inválido
composto de raciocínio especioso, não é necessariamente o representante das convicções do sofistas originais, a não ser daquele que geralmente ensinaram retórica. Os sofistas só são conhecidos hoje pelas escritas de seus oponentes (mais especificamente, Platão e Aristóteles) que dificulta formular uma visão completa das convicções dos sofistas.
Os sofistas são os primeiros a romperem com a busca pré-socrática por uma unidade originária (a physis) iniciada com Tales de Mileto e finalizada em Demócrito de Abdera (que embora tenha falecido pouco tempo depois de Sócrates, tem seu pensamento inserido dentro da filosofia pré-socrática).A principal doutrina sofística consiste, em uma visão relativa de mundo (o que os contrapõe a Sócrates que, sem negar a
existência de coisas relativas, buscava verdades universais e necessárias). A principal doutrina sofística pode ser expressa pela máxima de Protágoras: "O homem é a medida de todas as coisas".
Tal máxima expressa o sentido de que não é o ser humano quem tem de se moldar a padrões externos a si, que sejam impostos por qualquer coisa que não seja o próprio ser humano, e sim o próprio ser humano
deve moldar-se segundo a sua liberdade.
Outro sofista famoso foi Górgias de Leontini, que afirmava que o 'ser' não existia. Segundo Górgias, mesmo que se admitisse que o 'ser' exista, é impossível captá-lo. Mesmo que isso fosse possível, não seria possível enunciá-lo de modo verdadeiro e, portanto, seria sempre impossível qualquer conhecimento sobre o 'ser'.
Estas visões contrastantes com a de Sócrates (que foram adotadas também por Platão e Aristóteles, bem como sua "luta" anti-sofista) somada ao fato de serem estrangeiros - o que lhes conferia um menor grau de credibilidade entre os atenienses - contribuiu para que seu pensamento fosse subvalorizado até tempos recentes.
Moral, Direito, Religião



A sofística sustenta o relativismo prático, destruidor da moral. Como é verdadeiro o que tal ao sentido, assim é bem o que satisfaz ao sentimento, ao impulso, à paixão de cada um em cada momento. Ao
sensualismo, ao empirismo gnosiológicos correspondem o hedonismo e o utilitarismo ético: o único bem é o prazer, a única regra de conduta é o interesse particular. Górgias declara plena indiferença para com todo moralismo:
ensina ele a seus discípulos unicamente a arte de vencer os adversários; que a causa seja justa ou não, não lhe interessa. A moral, portanto, - como norma universal de conduta - é concebida pelos sofistas não como lei racional do agir humano, isto é, como a lei que potencia profundamente a natureza humana, mas como um empecilho que incomoda o homem. Desta maneira, os sofistas estabelecem
uma oposição especial entre natureza e lei, quer política, quer moral, considerando a lei como fruto arbitrário, interessado, mortificador, uma pura convenção, e entendendo por natureza, não a natureza humana racional, mas a natureza humana sensível, animal, instintiva. E tentam criticar a vaidade desta
lei, na verdade tão mutável conforme os tempos e os lugares, bem como a sua utilidade comumente celebrada: não é verdade - dizem - que a submissão à lei torne os homens felizes, pois grandes malvados, mediante graves crimes, têm freqüentemente conseguido grande êxito no mundo e, aliás, a experiência ensina que para triunfar no mundo, não é mister justiça e retidão, mas prudência e
habilidade. Então a realização da humanidade perfeita, segundo o ideal dos sofistas, não está na ação ética e ascética, no domínio de si mesmo, na justiça para com os outros, mas no engrandecimento ilimitado da própria personalidade, no prazer e no domínio violento dos homens. Esse domínio violento é necessário para possuir e gozar os bens terrenos, visto estes bens serem limitados e
ambicionados por outros homens. É esta, aliás, a única forma de vida social possível num mundo em que estão em jogo unicamente forças brutas, materiais. Seria, portanto, um prejuízo a igualdade moral entre os fortes e os fracos, pois a verdadeira justiça conforme a natureza material, exige que o forte, o
poderoso, oprima o fraco em seu proveito. Quanto ao direito e à religião, a posição da sofística é extremista também, naturalmente, como na gnosiologia e na moral. A sofística move uma justa crítica, contra o direito positivo, muitas vezes arbitrário, contingente, tirânico, em nome do direito natural. Mas este direito natural - bem como a moral natural - segundo os sofistas, não é o direito fundado sobre a natureza racional do homem, e sim sobre a sua natureza animal, instintiva, passional. Então, o direito natural é o direito do mais poderoso, pois em uma sociedade em que estão em jogo apenas forças brutas, a força e a violência podem ser o único elemento organizador, o único sistema jurídico admissível.
Dicionário:



Empirismo:

Filosofia Doutrina filosófica que encara a experiência sensível como a única fonte fidedigna de conhecimento. O filósofo empirista baseia-se na observação e na experimentação para decidir o que é verdadeiro. Chega a conclusões através do emprego do método indutivo, baseado no que observou.
Gnosiológicos:
Parte da filosofia que estuda as bases do conhecimento humano.
Hedonismo:
É a doutrina geral do prazer. É a busca sem limites pelo que proporciona prazer. Característica principal da sociedade pós-moderna, que é dita sociedade hedonista.


Ascética:
Devoto, místico, contemplativo.


CONTEÚDO: PRÉ SOCRÁTICOS



Os filósofos pré-socráticos são, como sugere o nome, filósofos anteriores a Sócrates. Essa divisão propriamente, se dá mais devido ao objeto de sua filosofia, em relação à novidade introduzida por
Platão
, do que à cronologia - visto que, temporalmente, alguns dos ditos pré-socráticos são contemporâneos a Sócrates, ou mesmo posteriores a ele (como no caso de alguns sofistas).
Primeiramente, os pré-socráticos, também chamados naturalistas ou filósofos da physis (natureza
- entendendo-se este termo não em seu sentido corriqueiro, mas como realidade primeira, originária e fundamental¹, ou o que é primário,fundamental e persistente, em oposição ao que é secundário, derivado e transitório²), tinham como escopo especulativo o problema
cosmológico, ou cosmo-ontológico, e buscavam o princípio (ou arché) das coisas.
Posteriormente, com a questão do princípio fundamental único entrando em crise, surge a sofística, e o foco muda do cosmo para o homem e o problema moral.
Os principais filósofos pré-socráticos (e suas escolas) foram:
Escola Jônica

Tales de Mileto (624-548 a.C.)

Atribui-se a Tales a afirmação de que "todas as coisas estão cheias de deuses", o que talvez pode ser associado à ideia de que o imã tem vida, porque move o ferro. Essa afirmação representa não um retorno a concepções míticas, mas simplesmente a ideia de que o universo é dotado de animação, de que a matéria é viva (hilozoísmo). Além disso, elaborou uma teoria para explicar as inundações
no Nilo, e atribui-se a Tales a solução de diversos problemas geométricos (exemplo: teorema de Pitágoras). Tales viajou por várias regiões, inclusive o Egito, onde, segundo consta, calculou a altura de uma pirâmide a partir da proporção entre sua própria altura e o comprimento de sua sombra: essa proporção é a mesma que existe entre a altura da pirâmide e o comprimento da sombra desta.
Esse cálculo exprime o que, na geometria, até hoje se conhece como teorema de Tales.
Tales foi um dos filósofos que acreditava que as coisas têm por trás de si um princípio físico, material, chamado arché. Para Tales, o arché seria a água. Tales observou que o calor necessita de água, que o morto resseca, que a natureza é úmida, que os germens são úmidos, que os alimentos contêm seiva, e
concluiu que o princípio de tudo era a água. Com essa afirmação deduz-se que a existência singular não possui autonomia alguma, apenas algo acidental, uma modificação. A existência singular é passageira, modifica-se. A água é um momento no todo em geral, um elemento. Tales com essa afirmação queria descobrir um elemento físico que fosse constante em todas as coisas. Algo que fosse o
princípio unificador de todos os seres.
Principais fragmentos:
* “...a Água é o princípio de todas as
coisas...”.
* “... todas as coisas estão cheias de
deuses...”.
* “... a pedra magnética possui um poder
porque move o ferro..."
Anaximandro de Mileto (611-547 a.C.)
Anaximandro viveu em Mileto no século VI a.C.. Foi discípulo e sucessor de Tales. Anaximandro achava que nosso mundo seria apenas um entre uma infinidade de mundos que evoluiriam e se dissolveriam em algo que ele chamou de ilimitado ou infinito. Não é fácil explicar o que ele queria dizer com isso, mas parece claro que Anaximandro não estava pensando em uma substância conhecida, tal como
Tales concebeu. Talvez tenha querido dizer que a substância que gera todas as coisas deveria ser algo diferente das coisas criadas. Uma vez que todas as coisas criadas são limitadas, aquilo que vem antes ou depois delas teria de ser ilimitado.
É evidente que esse elemento básico não poderia ser algo tão comum como a água. Anaximandro recusa-se a ver a origem do real em um elemento particular; todas as coisas são limitadas, e o limitado não pode ser, sem injustiça, a origem das coisas. Do ilimitado surgem inúmeros mundos, e estabelece-se a multiplicidade; a gênese das coisas a partir do ilimitado é explicada através da
separação dos contrários em conseqüência do movimento eterno. Para Anaximandro o princípio das coisas - o arché - não era algo visível; era uma substância etérea, infinita. Chamou a essa substância de apeíron (indeterminado, infinito). O apeíron seria uma “massa geradora” dos seres, contendo em si todos os elementos contrários. Anaximandro tinha um argumento contra Tales: o ar é frio, a água é úmida, e o fogo é quente, e essas coisas são antagônicas entre si, portanto o elemento primordial não poderia ser um dos elementos visíveis, teria que ser um elemento neutro, que está presente em tudo, mas está invisível.
Esse filósofo foi o iniciador da astronomia grega. Foi o primeiro a formular o conceito de uma lei universal presidindo o processo cósmico totalmente. De acordo com ele para que o vir-a-ser não cesse, o ser originário tem de ser indeterminado. Estando, assim, acima do vir-a-ser e garantindo, por
isso, a eternidade e o curso do vir-a-ser. O seu fragmento refere-se a uma unidade primordial, da qual nascem todas as coisas e à qual retornam todas as coisas. Anaximandro recusa-se a ver a origem do real em um elemento particular. Do ilimitado surgem inúmeros mundos, e estabelece-se a multiplicidade; a gênese das coisas a partir do ilimitado é explicada através da separação dos contrários
em conseqüência do movimento eterno.


Principais fragmentos:

* “... o ilimitado é eterno...”

* “... o ilimitado é imortal e
indissolúvel...”
Anaxímenes de Mileto (588-524 a.C.)
O terceiro filósofo de Mileto foi Anaxímenes (c. 570—526 a.C.). Ele pensava que a origem de todas as coisas teria de ser o ar ou o vapor. Anaxímenes conhecia, claro, a teoria da água de Tales. Mas de onde vem a água? Anaxímenes acreditava que a água seria ar condensado. Acreditava também que o fogo seria ar rarefeito. De acordo com Anaxímenes, por conseguinte, o ar("pneuma") constituiria a origem da terra, da água e do fogo. Conclusão - Os três filósofos milésios acreditavam na existência de uma substância básica única, que seria a origem de todas as coisas. No entanto, isso deixava sem solução o problema da mudança. Como poderia uma substância se transformar repentinamente em outra
coisa? A partir de cerca de 500 a.C., quem se interessou por essa questão foi um grupo de filósofos da colônia grega de Eléia, no sul da Itália, por isso conhecidos como eleatas.

Parmênides de Eléia
O mais importante dos filósofos eleatas foi Parmênides (c. 530-460 a.C.). “Nada nasce do nada, e nada do que existe se transforma em nada”. Com isso quis dizer que “tudo o que existe sempre existiu”.

Sobre as transformações que se pode observar na natureza: ”Achava que não seriam mudanças reais”. De acordo com ele, nenhum objeto poderia se transformar em algo diferente do que era.
Início do racionalismo
Percebia, com os sentidos, que as coisas mudam. Mas sua razão lhe dizia que é logicamente impossível que uma coisa se tornasse diferente e, apesar disso, permanecesse de algum modo a mesma. Quando se viu forçado a escolher entre confiar nos sentidos ou na razão, escolheu a razão. Essa inabalável crença na razão humana recebeu o nome de racionalismo. Um racionalista é alguém que acredita que a razão humana é a fonte primária de nosso conhecimento do mundo.
Heráclito

Um contemporâneo de Parmênides foi Heráclito (c. 540-476 a.C.), que era de Éfeso, na Ásia Menor. Heráclito propunha que a matéria básica do Universo seria o fogo. Pensava também que a mudança constante, ou o fluxo, seria a característica mais elementar da Natureza. Podemos talvez dizer que Heráclito acreditava mais do que Parmênides naquilo que percebia. Tudo flui, disse Heráclito. Tudo está em fluxo e movimento constante, nada permanece. Por conseguinte, “não entramos duas vezes no mesmo rio”. Quando entro no rio pela segunda vez, nem eu nem o rio somos os mesmos.
Problema: Parmênides e Heráclito defendiam dois pontos principais diametralmente opostos. Parmênides dizia:
* a) nada muda,

* b) não se deve confiar em nossas
percepções sensoriais.
Heráclito, por outro lado, dizia:


* a) tudo muda (“todas as coisas fluem”),
e
* b) podemos confiar em nossas percepções
sensoriais.
Quem estava certo? Coube ao siciliano Empédocles (c. 490-430 a.C.) indicar
a saída do labirinto.

Como estudioso da physis, Heráclito acreditava que o fogo era a origem das
coisas naturais.
Empédocles
Ele achava que os dois estavam certos:
* 1. A água não poderia, evidentemente, transformar um peixe em uma borboleta. Com efeito, a água não pode mudar. Água pura irá continuar sendo água pura. Por isso, Parmênides estava certo ao
sustentar que “nada muda”.
* 2. Mas, ao mesmo tempo, Heráclito também estava certo em achar que devemos confiar em nossos sentidos. Devemos acreditar naquilo o que precisava ser rejeitado era a idéia de uma substância básica
única. Nem a água nem o ar sozinhos podem se transformar em uma roseira ou uma borboleta. Não é possível que a fonte da Natureza seja um único “elemento”. Empédocles acreditava que a Natureza consistiria em quatro elementos, ou “raízes”, como os denominou. Essas quatro raízes seriam a terra, o ar, o fogo e a água.
A - Como ou por que acontecem as transformações que observamos na
natureza?
* 1. todas as coisas seriam misturas de terra, ar, fogo e água, mas em proporções variadas. Assim as diferentes coisas que existem seriam os processos naturais gerados pela aproximação e à separação
desses quatro elementos.

* 2. Quando uma flor ou um animal morrem, disse Empédocles, os quatro elementos voltam a se separar. Podemos registrar essas mudanças a olho nu. Mas a terra e o ar, o fogo e a água permaneceriam eternos, “intocados” por todos os componentes dos quais fazem parte. Dessa
maneira, não é correto dizer que “tudo” muda.

* 3. Basicamente, nada mudaria. O que ocorre é que os quatro elementos se combinariam e se separariam - para se combinarem de novo, em um ciclo. B - O que faria esses elementos se combinarem
de tal modo que fizessem surgir uma nova vida? E o que faria a “mistura”, digamos, de uma flor se dissolver de novo? Empédocles pensava que haveria duas forças diferentes atuando na Natureza. Ele as chamou de amor e discórdia. Amor uniria as coisas, a discórdia as separaria.
Curiosamente, os quatro elementos correspondem, um a um, aos quatro estados da natureza: terra (sólido), água (líquido), ar (gasoso) e fogo (plasma).
Demócrito e a Teoria Atômica
Para Demócrito, as transformações que se pode observar na natureza não significavam que algo realmente se transformava. Ele acreditava que todas as coisas eram formadas por uma infinidade de "pedrinhas minúsculas, invisíveis, cada uma delas sendo eterna, imutável e indivisível". A estas unidades mínimas deu o nome de ÁTOMOS. Átomo significa indivisível, cada coisa que existe é
formada por uma infinidade dessas unidades indivisíveis. "Isto porque se os átomos também fossem passíveis de desintegração e pudessem ser divididas em unidades ainda menores, a natureza acabaria por diluir-se totalmente". Exemplo: se um corpo – de uma árvore ou animal, morre e se decompõe, seus átomos se espalham e podem ser reaproveitados para dar origem a outros corpos.
Xenófanes de Colofon

Originário da Jônia, viveu no sul da Itália. Precursor do pensamento dos Eleatas. Para ele a Physis era a terra. Escreveu em estilo poético. Defendeu a idéia de um Deus único. Tinha influência Pitagórica.
Xenófanes, de Colofon -(século IV a. C) atribui-se a ele a fundação da escola de Eléia. Levou vida errante, passando parte dela na Sicília, tendo fugido de sua terra natal por causa da invasão dos medas. Alguns duvidam de sua ligação com Eléia. Em seus fragmentos defendeu um deus único, supremo, que não tinha a forma de homem. Realçou isso afirmando que os homens atribuem aos deuses características semelhantes a eles mesmos, que mudam de acordo com o povo. Se os animais tivessem mãos para realizarem obras, colocariam nos deuses suas características. Restaram de suas obras alguns fragmentos, sendo que uns satíricos. Foi contra a grande influência de Hesíodo e Homero (historiador e
escritor gregos). Zombou dos atletas, preferindo a sua sabedoria aos feitos atléticos, que não enchiam celeiros. O deus segundo Xenófanes está implantado em todas as coisas, o todo é um, e é supra-sensível, imutável, sem começo, meio ou fim. Teve como discípulo Parmênides.
Segundo Hegel os gregos tinham apenas o mundo sensível diante de si, e não encontravam satisfação nisso. Assim jogavam tudo fora como sendo não verdadeiro, e chegavam ao pensamento puro. O infinito, Deus, é um só, pois se fosse dois haveria a finitude. Hegel identifica a dialética* em Xenófanes, uma consciência da essência, pura, e outra de opinião, uma sobrepondo a outra, indo contra a
mitologia grega
Escolas Italianas
Pitágoras de Samos
Representada por Pitágoras e seus seguidores ... O que se conhece de Pitágoras pertence mais ao mundo da lenda que à realidade. Defendia uma doutrina mais religiosa do que filosófica. O ponto central de sua doutrina religiosa é a crença na transmigração das almas.

Pitágoras, o fundador da escola pitagórica, nasceu em Samos pelos anos 571-70 a.C. Em 532-31 foi para a Itália, na Magna Grécia, e fundou em Crotona, colônia grega, uma associação científico-ético-política, que foi o centro de irradiação da escola e encontrou partidários entre os gregos da Itália meridional e da Sicília. Pitágoras aspirava - e também conseguiu - a fazer com que a educação ética da escola se ampliasse e se tornasse reforma política; isto, porém, levantou oposições contra ele e foi constrangido a deixar Crotona, mudando-se para Metaponto, aí morrendo provavelmente em 497-96 a.C.


Escola Eleática

Representada principalmente por:
* Alcmeão de Crotona Filho de Peirithoos,
é um dos principais discípulos de Pitágoras. Foi jovem quando seu mestre já era
avançado em anos. Seu interesse principal dirigia-se á Medicina, de que resultou
a sua doutrina sobre o problema dos sentidos e da percepção. Alcmeão disse que
só os deuses tem um conhecimento certo, aos homens só presumir é permitido.
* Parmênides de Eléia O acme de sua
existência foi por volta de 500 a.C. Foi ele o primeiro a demonstrar a
esfericidade da Terra e sua posição no centro do mundo. Segundo ele, existem
dois elementos: o fogo e a terra. O primeiro elemento é criador, o segundo é
matéria. Os homens nasceram da terra. Trazem em si o calor e o frio, que entram
na composição de todas as coisas. O espírito e a alma sao para ele uma única e a
mesma coisa. Ha dois tipos de filosofia, uma se refere a verdade e a outra a
opinião.


* Zenão
* Melisso
Anaxágoras de Clazômena
Doutrina das Homeomerias

Anaxágoras de Clazômenas (Clazômenas, c. 500 a.C. - Lâmpsaco, 428 a.C.), filósofo grego do período pré-socrático. Nascido em Clazômenas, na Jônia, fundou a primeira escola filosófica de Atenas, contribuindo para a expansão do pensamento filosófico e científico que era desenvolvido nas cidades gregas da Ásia. Era protegido de Péricles que também era seu discípulo. Em 431 a.C. foi acusado de impiedade e partiu para Lâmpsaco, uma colônia de Mileto, também na Jônia, e lá fundou uma nova escola.

Escreveu um tratado aparentemente pequeno intitulado Sobre a natureza, em que tentava conciliar a existência do múltiplo frente à crítica de Parmênides de Eléia e sua escola. Afirmava que o universo se constitui pela ação do Nous (νος), conceito que geralmente é traduzido por espírito, mente ou inteligência. Segundo o filósofo, o Nous atua sobre uma mistura inicial formada de sementes que contém uma porção de cada coisa. Assim, o Nous, que é ilimitado, autônomo e não misturado com nada mais, age sobre estas sementes ordenando-as e constituindo o mundo sensível. Os fragmentos preservados versam sobre: cosmologia, biologia e percepção. Esta noção de causa inteligente, que estabelece uma finalidade na evolução universal, irá repercutir em filósofos posteriores, como Platão e
Aristóteles.
Anaxágoras aparece ao lado de Pitágoras no quadro Escola de Atenas de Rafael, segurando a tableta com o número triangular 1+2+3+4, a sagrada tetraktys dos Pitagóricos.